Bem antes de 1900, as bruxas já dividiam terreno com os
homens e queriam mostrar que a Ilha de Santa Catarina também era área delas.
Uma dessas bruxas acabou tendo a identidade descoberta e a coisa não acabou
bem. Três amigos que vendiam peixes no Sul da Ilha caminhavam entre o Pântano
do Sul e a Costa de Dentro quando, numa picada, surgiu uma galinha. Era cerca
de seis horas da tarde, o que as benzedeiras costumam chamar de “hora morta” e
a penosa saracoteava pra lá e pra cá e não deixava os homens avançar, ela não
deixava, bicava nas pernas. A incomodação foi tanta que um deles buscou um pedaço de pau pra bater na ave. Deu-lhes vários golpes, mas a galinha resistia
sabe-se lá como. Mas uma paulada certeira quebrou uma das asas e espantou o
bicho, que correu pro mato. Quando voltaram pro Pântano do Sul, os três amigos
correram pro bar contar o que sucedeu pra todo mundo. A discussão tomou conta
do lugar. Todos tinham uma certeza: era uma bruxa em forma de galinha. E
desconfiavam que a tal bruxa era uma moradora da região, cujos os hábitos já
despertavam suspeita havia algum tempo. Pensaram duas, mas não três., e foram
até a casa da mulher. Lá estava ela, com o braço quebrado, aplicando uma porção
feita com ervas. Pra evitar que a bruxa fizesse mal maior, deram uma surra
daquelas na mulher e lavaram o corpo dela com água de sal. Ferida, continuou
morando no mesmo lugar, mas trancou-se em casa pro resto da vida. Dizem que por
um bom tempo não se viu bruxa, nem bicho possuído lá pras bandas do Sul da
Ilha.
Baseado na história
contada por Arante Monteiro Filho,
Morador do Pântano do
Sul.
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