quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A galinha e a bruxa



 Bem antes de 1900, as bruxas já dividiam terreno com os homens e queriam mostrar que a Ilha de Santa Catarina também era área delas. Uma dessas bruxas acabou tendo a identidade descoberta e a coisa não acabou bem. Três amigos que vendiam peixes no Sul da Ilha caminhavam entre o Pântano do Sul e a Costa de Dentro quando, numa picada, surgiu uma galinha. Era cerca de seis horas da tarde, o que as benzedeiras costumam chamar de “hora morta” e a penosa saracoteava pra lá e pra cá e não deixava os homens avançar, ela não deixava, bicava nas pernas. A incomodação foi tanta que um deles buscou um pedaço de pau pra bater na ave. Deu-lhes vários golpes, mas a galinha resistia sabe-se lá como. Mas uma paulada certeira quebrou uma das asas e espantou o bicho, que correu pro mato. Quando voltaram pro Pântano do Sul, os três amigos correram pro bar contar o que sucedeu pra todo mundo. A discussão tomou conta do lugar. Todos tinham uma certeza: era uma bruxa em forma de galinha. E desconfiavam que a tal bruxa era uma moradora da região, cujos os hábitos já despertavam suspeita havia algum tempo. Pensaram duas, mas não três., e foram até a casa da mulher. Lá estava ela, com o braço quebrado, aplicando uma porção feita com ervas. Pra evitar que a bruxa fizesse mal maior, deram uma surra daquelas na mulher e lavaram o corpo dela com água de sal. Ferida, continuou morando no mesmo lugar, mas trancou-se em casa pro resto da vida. Dizem que por um bom tempo não se viu bruxa, nem bicho possuído lá pras bandas do Sul da Ilha.

Baseado na história contada por Arante Monteiro Filho,
Morador do Pântano do Sul.

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