Muitos antigos acreditam que, se a Semana Santa é quando
Jesus está morto, também é sinal que o diabo está solto. Então, a quem
agradecer o milagre operado na mão de Seu Gelci bem na Semana Santa? Aos sete
anos de idade, ela andava com uma vergonha danada da mão esquerda. Escondia ela
no bolso, cheio de traumas das verrugas que tomavam conta da pele. Eram muitas,
dezenas. Gelci andava pela ruas do Centro de São José com os amigos, mas sempre
com mano no bolso. Até que um dia cruzou
com Alcides, um misterioso carroceiro que foi direto ao assunto, com se já
soubesse de tudo que se passava com Gelci: “Queres tirar isso?”, disse,
apontando pra mão do rapaz. Gelci não teve dúvida, disse que sim e ouviu as
regras do carroceiro. “Bate na porta da minha casa. Atrás da Igreja Matriz,
duas sextas-feiras antes da Sexta-Feira Santa. Volta na outras duas sextas,
bate de novo e a tua mão vai ficar curada. Depois, não podes voltar nunca mais
nem me agradecer, se não, vais passar a verrugas pra mim”. Dito e obedecido.
Quatorze dias antes da Sexta-Feira Santa Gelci foi até a casa do carroceiro,
atrás da Matriz de São José, e bateu na porta. Alcides mal abriu e gritou:
“pode ir”. Gelci voltou para casa pra voltar só dali sete dias. E sete dias
depois ele voltou e bateu na porta. Dessa vez, o carroceiro nem abriu, só
gritou: “pode ir”. Entre aquela segunda visita e a Sexta-Feira Santa, todas as
verrugas da mão de Gelci desapareceram sem deixar um sinal sequer. Como
prometido, ele nunca mais voltou nem agradeceu a Alcides. Até hoje, quase 60
anos depois, está com a mão limpa.
Baseado na história
contada por Gelci José Coelho,
Morador da Enseada do
Brito, em Palhoça.
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