Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da
costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um
espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai
ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos
contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o
céu se encontram. Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte,
certamente exclamará: “já se foi”. Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.
O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando
estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de
destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais
ver, mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz:
“já se foi”, haverá outras vozes, mais além, a afirma: “lá vem o veleiro”!!!
Assim é a morte.
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